Como lidar com as (muitas) perguntas das crianças?



Já teve algum momento em sua casa em que as crianças começaram a fazer perguntas demais – algumas, inclusive, nada fáceis de responder?! “Por que as pessoas ficam doentes?”, “por que aquela pessoa mora na rua?”, “por que você pode ficar acordada até tarde e eu, não?”, “por que ele foi para o céu?”, entre muitos outros questionamentos diários.

A psicóloga Aline Teixeira comenta que não existe uma idade específica para as perguntas começarem a surgir. “A partir do momento em que a criança começa a ter a chamada ‘explosão’ da linguagem, que pode ocorrer entre o 18º e o 24º mês de vida, os pais já podem ficar preparados para os questionamentos”, diz.

“Devemos considerar, para o desenvolvimento da linguagem e grau de complexidade das perguntas: o meio em que a criança está inserida, as atividades de aprendizagem que são proporcionadas a essa criança, resposta constante dos pais sempre que a criança pronuncia alguma nova palavra e dos materiais educativos disponíveis (brinquedos e livros adequados a cada faixa etária). Essas atividades proporcionam à criança as bases para a aprendizagem da fala e também para a alfabetização que vai acontecer mais tarde, por volta dos seis anos”, acrescenta a psicóloga.

Mas como lidar com tantas perguntas? O que nós, pais, podemos e/ou não devemos fazer?

Aline responde que os pais devem lidar com as perguntas da forma mais natural possível, procurando adequar as respostas de acordo com o universo infantil. Algumas orientações neste sentido, de acordo com a psicóloga, são:

- Não utilizar palavras muito complexas e de difícil entendimento, o que poderia dificultar a compreensão por parte da criança. Prefira palavras fáceis e lúdicas.

- Uma dica importante quando perguntas sérias ou delicadas surgirem é investigar o que a criança sabe sobre aquilo e, a partir daí, os pais devem encontrar uma maneira de responder sem enganar a criança, contornando o que acreditam que não pode ser dito. “Quando uma criança faz um questionamento, isso pode denunciar sua inquietação com o tema, portanto, quanto mais direta e esclarecedora for à resposta, mais a criança ficará satisfeita e tranquila”, destaca a psicóloga. 

- Se notar que não conseguirá dar uma resposta na hora, diga à criança que precisa pensar e voltará a falar sobre o assunto mais tarde. “Mas ,não deixe a criança sem resposta, isso poderá causar ansiedade no pequeno, que pode buscar outras formas não confiáveis de se informar”, acrescenta Aline.

Mas, a partir de que idade esta “fase das perguntas” costuma cessar? Aline destaca que a criança faz perguntas para conhecer o universo em que está inserida. “Se pensarmos que, mesmo quando adultos, ainda continuamos perguntando, a resposta seria que essa fase nunca cessará. No entanto, pode ocorrer a diminuição dos questionamentos por volta dos 10 a 12 anos, onde a criança começa a criar o seu próprio círculo de amizades e a participação num grupo de amigos passa a ser de maior importância do que a presença dos pais. A criança começa a se comunicar com pessoas da mesma idade, acreditando que os seus questionamentos serão supridos pelo grupo. Nesse momento, os pais devem estar mais atentos aos comportamentos apresentados do que à fala propriamente dita”, explica a psicóloga.

Vale reforçar que, por mais difícil que possa parecer responder a alguns questionamentos, é muito importante estarmos à disposição das crianças e estimularmos sempre o diálogo com nossos filhos. E vocês, como costumam lidar com as perguntas?