Por que e quando elogiar as crianças


Elogio é sempre bom, né? Independentemente da idade, sempre vamos ficar felizes quando recebemos algum comentário positivo a nosso respeito.

Mas você já parou para pensar na importância que o elogio tem no processo de desenvolvimento da criança? Tenho lido e pesquisado bastante sobre o assunto, e hoje compartilho minhas impressões com vocês!

É claro que o elogio forma um grande depósito de autoconfiança, ainda mais nas crianças, mas é preciso prezar pelo elogio produtivo – aquele que levará a criança a acreditar nela mesma – ; e fugir daquele tipo de elogio “simplesmente dito”, “jogado ao vento”.

Muitas vezes, o elogio é dito “da boca para fora”, até como uma maneira de “substituir” nossa presença, ou ainda, a atenção que não estamos conseguindo dar para a criança naquele momento.

Isso pode acontecer quando seu filho chega, por exemplo, querendo mostrar um desenho que está fazendo, e você está muito ocupada para parar e olhar com calma, e diz simplesmente “que lindo! Você é um artista, desenha muito bem”...

Infelizmente, sem perceber, nós, enquanto pais, fazemos muito isso!

A criança começa, então, a receber esse tipo de elogio “solto ao vento”, e não para para pensar no que ele significa, não dá valor ao que foi dito (já que é dito sempre).

O elogio produtivo, por vez, é aquele que acompanha uma ação, a atitude que a criança fez, o esforço que ela empenhou em algum novo desafio, em alguma nova tarefa!

Porque quando a gente simplesmente elogia “você é inteligente”, “você é incrível”, a gente pode estar caindo no perigo de “rotular”... Então, por mais que isso passe longe de nossa intenção, a criança recebe esses elogios e até se desestimula com eles. “Eu sou inteligente e ponto. Não preciso mais me esforçar para nada, não compensa, não é preciso...”.

Li sobre uma pesquisa feita nos Estados Unidos com crianças do 5º ano que foram divididas em 2 grupos que receberam uma tarefa (que era um quebra-cabeça). O primeiro grupo foi elogiado durante o processo, pelo esforço, pela atenção, pelo foco e insistência...

Já o segundo grupo, recebeu elogios focados no resultado: “nossa, como você é inteligente; que incrível, você fez o quebra-cabeça”...

Depois, os dois grupos foram convidados a fazerem uma nova tarefa, e eles tinham duas opções: fazer uma tarefa semelhante à primeira; ou fazer uma tarefa totalmente diferente, um novo desafio...

O grupo que foi elogiado pelo processo, pelo esforço, quis fazer uma tarefa nova; já o grupo que foi elogiado ao fim, quis repetir a mesma tarefa.

Qual é a conclusão disso tudo?! A criança que recebe o elogio no fim, o elogio por “ser inteligente”, por “ser um artista”, por “ser maravilhosa”, além de viver o perigo do rótulo, tende a se arriscar muito pouco.

Já a criança que recebe o elogio pelo processo, sabe que o bom caminho está exatamente no esforço. E o bom resultado, também. Ela pensa: “eu não tenho certeza de nada, nada garante o quanto eu já sou ótima em determinada coisa... Eu só vou saber a respeito de como eu me comporto perante a um novo desafio, vivendo esse desafio”.

A criança que vive o esforço entende desde cedo que é preciso se dedicar, persistir, ir atrás de alguma coisa que ela acredita... E na hora que ela consegue, isso não é uma coisa que “já estava pronta”, que “era óbvia”.

A diferença é sutil, não é mesmo? Mas vamos tentar, então, elogiar “da maneira certa”? Vamos elogiar o processo, o esforço... afinal, é importante passarmos para nossos filhos a noção de que “nada está pronto”, para tudo na vida precisamos “regar, plantar, cuidar...para, daí, colhermos!”.